8 de dezembro de 2014

A poesia de Leandro Rafael Perez

largo de dia,
de noite se contrai

penso no cu desértico
da última experiência

aquela que se faz no eco das colunas,
nenhum fruto, todos os registros.

*

uma perspectiva cavalo
próstata em manutenção

anos de antagonia à realidade,
20 a precisão

nunca me pareceu muita coisa
o carteado dos músculos

– Agora sou pidão.

*

um tique te impede
de agarrar o tronco

mesmo se houvesse firmeza
não daria a volta

ninguém dá,
não nesta.

Mas há o espetáculo do tique,
esta recusa

em ratificar limites.

*

Musicar teu olhar quando cheguei ontem
acrescer cheiro de groselha àquela ponte,
mas não agora com uma garrafa
ou numa canção, mas ali
na outra existência que é o momento:

O mundo é consútil
e as impressões, mundas.

*

Cada palavra a mais
é uma certa palavra a mais
e o silêncio encerra o erro dito
erudito afável e vago
em sinfonia cheia
vã vertigem de reta sã?
são ambas que preenchem o vão.

Leandro Rafael Perez nasceu em 1987 e mora na divisa com Diadema/SP. Tem a altura da Carmen Miranda com um chapéu-coco e é formado em português e linguística pela USP. Tem um livro em pdf solto na internet, Pálpebras Amarelas, 2008 e pela editora Patuá tem dois títulos: lança além do real só, poemas, 2011, e turnê a meio mastro, poemas e alguns desenhos, 2014. Um poema seu consta na terceira edição impressa da Modo de Usar & Co. e escreveu uma série inédita pra revista virtual Geni.