A poesia de Rodrigo Brito
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colheradas de mortes exalam
um vazio no corpo
os sustos as angústias
lápides internas todas devastadas
o silêncio lançamento de lembranças
imagens de oceanos
cheiros que levam ao abismo
memorial de sorrisos
o que carrega dentro dos olhos
não formam os desenhos
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Vi um velho homem na narrativa da cidade
suas labaredas mediam as histórias
Ônibus passam sobre os mortos
ruas que desfazem esperanças
Defuntos nos cheiros
nos cheiros
quem me dera rasgar minha alma
e desenhar um barco com as folhas cortadas.
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Quem me dera perder-me nos oceanos
lançaria todos os sorrisos ao fundo
secaria os planos
esqueceria as bocas que me beijam
As palavras não são para mim
os afagos tão distante de meus braços
não podem nunca ser meus
Os risos que não dei
são as vozes de meus silêncios
Rodrigo Brito nasceu em 20 de fevereiro de 1989 em Cuiabá, Mato Grosso. Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso, atualmente é discente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL-UFMT). Autor de Solstício ao Luar (2013) e Visões (2015), possui colaborações em jornais e antologias. Apreciador de Rock'n'roll, leitura e cinema, tenta socializar os seus devaneios através da arte.