16 de março de 2015

A poesia de Erika Zampieri

Eu preciso de colo

 

Nessa tragédia de sorrisos maquiados, manipulados, disfarçados, só basta ser o fantasma da garota que eu queria ser. Nessa devastada sociedade de sobriedade eloqüente, inconseqüente, triste, eu sou apenas a casca da garota que costumava me vestir.
Escolho palavras da mesma forma como escolho pijamas para um sono, ao qual, ninguém irá estar acordado para ver.

Uma fatia da fatídica realidade me assombra, e a outra fatia mastiga meus sentimentos, como feras selvagens, então danço... danço dentro da escuridão que se torna a vista dos que não querem ver. Balbucio uma canção solitária, pedindo ajuda, para que alguém possa entender, com sutiliza, o que há atrás das paredes, entender o motivo das flores das árvores, atrás do muro, estarem secando lentamente.

Fico sem reação. Não respondo aos chamamentos, as brincadeiras... a nada. A rigorosamente nada. Depois desencadeio uma série de comportamentos rudes, primários de rejeição. Como se aquele não fosse o meu mundo e estivesse a ponto de pular as barreiras, de proteção, que eu mesmo criei, como se eu fosse fugir do conto de fadas, mas ridicularizado de todos os tempos. E então espero me tomar no colo até que meu sorriso volte, e toda essa confusão aqui dentro passe.