5 de novembro de 2014

A poesia de Léo Prudêncio

após ler: sobre heróis e tumbas. de ernesto sabato
1.

é que por acaso
nascem as paixões

(e como corrói por dentro,
silenciosamente, como um câncer)

aquilo que chamas
- paixão, amor ou atração
ainda irá te levar
(cada vez mais)
para o fundo da fossa

2.

há no subterrâneo
ou em praças populares
partículas visíveis de mim

mas

feche a porta ao entrar
no meu ressinto
fique à vontade
o país não é nosso
mas a casa é minha

somos feitos
a partir
de pequenos segredos
e de minúsculos silêncios

3.

te amo tanto
que me torno cinzas
e lembranças
será eterno
-nosso amor-
enquanto as cinzas
de meu corpo
voarem

haicais

*
não é o monte everest
é um pé de siriguela
com formigas nele
*
eu sou esses passos
cansados e rasteiros que
ficaram na praia
*
solitário no galho
de árvore, o passarinho
admira o fim do dia