Por LiteraturaBr
9 de setembro de 2014
Pedra de ninguém, poema de Dom Jorge
Pétala de rua no asfalto pousada:
chega-te,
criança.
Põe ao sol as sandálias de vidro
que a terra em que estás é santa.
Criança,
cobre-te mais deste sonho de rocha
- há muito chegas-te tarde
e sequer havia sobrado leite e mel -
A vida cresce
por cifras verdes de fome
mas não é culpa dos deuses.
Criança, apaga-te
com as lâmpadas da cidade pétrea
- sonhas -
e põe tua esperança
neste travesseiro de pedra
antes que dissolvido
no canto longínquo das bombas.