2 poemas de Léo Prudêncio
(poema redundante)
I
os poemas são as chaves para se desvendar
a vida e a vida segue o ritmo das ondas do mar
(clichê não?)
as palavras existem para criar mundos
foi com a palavra que Deus criou o seu mundo
por falar em Deus
o poeta é um profeta enviado por Jah
II
o poeta
mero manipulador da palavra
o poeta
mero desespectador da vida
escrever poemas é como soltar
pássaros de suas gaiolas
e
quem compõe poemas
já tem o perdão divino
III
!(
a propósito:
foda-se platão e sua república
)!
IV
ser poeta é absorver as dores do mundo
é cavalgar nas palavras
é desconstruir o agouro (h)umano
ser poeta é desacreditar na vida
é fornecer o grito
é formular o descompasso
do caminho
V
sentado à beira do cais
o poeta pergunta ao mar:
“que faço eu no mundo?”
ondaondaonda
ondaondaondaondaonda
ondaondaondaondaondaondaonda
ondaondaondaondaondaondaondaondaonda
ondaondaondaondaondaondaondondaondaondaondaonda
o mar devolveu-lhe apenas o silêncio
da existência humana
VI
quem nunca se sentiu como um navio naufragado
(além de não ter o dom da poesia)
sobre viver nada sabe
BÔNUS TRACK
(na vitrola: John Lennon: Jealous Guy)
por onde a n d e i
aqueles dias
de cabeça baixa
semblante umedecido
só Deus sabe
o que eu carregava
nas costas e no coração
sou a metade do nada
estou só
sentado à mesa de um bar
[eu: chico
estou a quatro goles do inferno]