15 de maio de 2014

3 poemas de Davi Kinski

Os 7 pecados no corpo

Meu corpo
Desejado
Depois do coito
É gula

Meu corpo
Guardado
No armário
Avarento

Meu corpo
Virado em um copo
De vinho
É luxuria

Meu corpo
Sem o teu
Por perto
Irado

Meu corpo
Desejando
Ser outro
Invejoso

Meu corpo
Perdido
Num sol de domingo
Preguiçoso

Meu corpo
É Sagrado
Único
Soberbo

Meio Bossa-nova

É o vento que derruba os muros
A poesia que se faz mais calma
Dentro

Nem sempre é possível ser caos
Nem sempre solidão
Acompanhada

É a chuva que escorrega
Os nossos sonhos fatigados
De vontades pregadas nos pelos
Os dias carregados nas linhas indecisas das mãos

Nem sempre é possível ser montanha isolada
Nem sempre atlântico
Um salto voraz aos teus dramas
Selvagens
Quietos, dentro do apartamento.
Da cidade gaveta

Nem sempre manso ou feroz
Mas brando no peito
Dourado, como paisagem da terra santa.

Nem sempre é possível calar a poesia
Que nasce na região côncava
Dos desejos libidinosos

Nem sempre esse grito estilhaçado no asfalto
Nem sempre esse silêncio virado no álcool

Atiro para o alto
uma inconstância vadia, como a brisa
Na beira dos nossos sonhos

Geografia

Uma vontade
Exagerada
De pintar o silêncio
Rasgar as horas
Fazer um strip-tease
Com o destino
Aquela vontade, dear
De fazer revolução
Com um olhar
E sossegar
A alma
Tirar do canto
Das coisas
As delicadezas
Esquecidas
Aquela vontade de lavar
Os desejos
E estender
No varal
Beijos suados
Pactos
Selados
Aquela vontade
De desbravar
Teu hemisfério
Nossas pontes
São como mistérios
Que ligam
Os trópicos
Desse nosso amor
Continental

Autor do livro de poemas Corpo Partido, Davi Kinski nasceu no dia 14/08/1988 em São Paulo. É ator, produtor e cineasta. Formado como ator pelaActor School Brazil e em cinema pela Academia Internacional de Cinema, dirigiu 7 curtas-metragens, dentre eles Cineminha, convidado a participar do festival italiano Curto In Bra, além de ter dado o prêmio de melhor atriz para Etty Fraser no Filmworks Film Festival, em 2010. Ainda como ator passou por diversas escolas, entre elasFAAP, Wolf Maya e Studio Fátima Toledo. Participou como ator do filme Nome Próprio, de Murilo Salles, que lhe rendeu a indicação de melhor ator no Festival de Gramado de 2008. Como ator gravou também 5 curtas metragens, exibidos em diversos festivais. No teatro, encenouAurora da minha vida, Lisístrata, Bailei Na Curva, O grande Jardim das Delicias de Fernando Arrabal. Em 2011 encenou seu primeiro monólogo como ator, Lixo e Purpurina, baseado em textos de Caio Fernando Abreu, cumprindo uma temporada de grande êxito no Sesc Pompéia. Em 2012 abriu sua produtora, a Play Cultural especializada em marketing cultural, uma das responsáveis pela ultima temporada de Bibi Ferreira em São Paulo, ainda fomentou e captou recursos para produtoras como Baóba, Montengro e Raman, Henrique Benjamim, Marcos Pasquim, MASP entre outros. Atualmente também ensaia como ator o espetáculo Paixões, com direção de Osvaldo Gabrieli, e está em pré produção do documentário Pau pra qualquer obra, inspirado no site homônimo. Escreve poesia desde os 15 anos de idade.