8 de setembro de 2025

O que os números do mercado editorial nos dizem?

 

Todo mês a Nielsen, em parceria com o SNEL e a CBL, divulga o Painel do Varejo de Livros no Brasil. Esses relatórios mensais, trimestrais e anuais são, talvez, a principal fonte de dados sobre o setor. Eles ajudam a compor um retrato importante, mas nunca completo, do mercado editorial brasileiro.

Muita gente acompanha apenas as manchetes, mas sem compreender muito sobre: crescimento em relação a quê? Queda de onde? O que realmente esses números revelam sobre o presente e o futuro do livro no Brasil?

Em 2025, por exemplo, o painel mostra um cenário curioso, a queda no volume de vendas em alguns meses, mas crescimento acumulado em relação a 2024. Só que não podemos esquecer que 2024 foi um dos piores anos da última década para o mercado editorial. Ou seja, crescer em cima disso não quer dizer que estamos indo bem.

Outro dado que preocupa o setor (não a mim tanto) é a queda no número de ISBNs registrados, cerca de 20%. Isso significa menos diversidade de títulos chegando ao mercado. E quando pensamos que, nos últimos 18 anos, o mercado encolheu quase 50%, entendemos que esse movimento não é pontual.

Além disso, o preço médio dos livros subiu (na casa dos R$ 47 a R$ 49, segundo o painel). Mas esse valor não reflete a realidade de boa parte das editoras independentes, que trabalham com tiragens menores e muitas vezes precisam precificar seus livros acima da média para sobreviver.

O painel traz recortes relevantes, mas não considera dados de feiras de livros, editoras independentes, pequenas livrarias ou o mercado digital. Ou seja, ele é uma boa amostra, mas longe de traduzir o “todo” do mercado editorial brasileiro.

Ainda assim, vale acompanhar. Porque compreender os números é fundamental. Quanto mais debatemos e trazemos essas informações à tona, temos mais chances de formarmos um público consciente da importância de manter viva a cadeia do livro.

https://www.youtube.com/watch?v=sC_ex6grkdY

No vídeo, eu comento em detalhes o relatório mais recente, analiso as variações de preço, de volume e de diversidade, e questiono o que de fato esses números significam para quem está dentro do mercado e para quem acompanha de fora.

 

por Nathan Matos