6 de fevereiro de 2021

Clube de Poesia do LiteraturaBR discute o livro do ano Jabuti 2020

Solo para Vialejo, de Cida Pedrosa, foi a obra inaugural do clube no primeiro encontro

O que é o clube de poesia do LiteraturaBr?

Um clube para falar, ler, discutir e conhecer a poesia. Com esta proposta foi lançado o clube para que pessoas que gostam de poesia e não encontram espaço para discutir fora do ambiente acadêmico se encontrassem. Para 2021, a ideia de abrir o clube pelos curadores do site LiteraturaBR é exatamente unir pessoas que amam ler poesia possam compartilhar a experiência de leitura e as impressões que a obra trouxe a cada uma.

Como funciona?

O interessado em participar se cadastra AQUI e recebe por e-mail todas as informações do clube, tais como: qual será o livro do mês, onde adquirir, datas, link do encontro etc.

A escolha do livro é anunciada com antecedência aos leitores que se cadastraram no clube que votam entre duas opções. A obra escolhida garante ao membro cupom de desconto exclusivo para compra no site da editora da obra.

O encontro é agendado com a escolha prévia de datas propostas e acontece virtualmente via Meet Google. A participação no clube é livre e gratuita.

Solo para Vialejo abre a discussão do Clube

Para começar, o primeiro escolhido foi a obra vencedora nas categorias Poesia e livro do ano no Prêmio Jabuti 2020, anunciado em novembro passado. A obra foi lançada pela editora CEPE (Companhia Editora Pernambucana - http://editora.cepe.com.br/) é uma editora pública, voltada para edição de trabalhos voltados para a cultura pernambucana, nordestina e brasileira. O pontapé inicial da escolha foi a oportunidade de conhecer a obra e a autora até então desconhecida na imprensa cultural. Obra, autora e editora ganharam as atenções do público após o Prêmio e a discussão no primeiro encontro do clube foi riquíssima com pessoas de toda parte do país.

Como o clube ainda não havia sido lançado, os curadores fizeram a chamada já com o título vencedor do Prêmio, a adesão foi unânime. Caraterizado pela ousadia, o clube fez a escolha mesmo sem resenhas, sem crítica na mídia ainda divulgadas. A curiosidade foi tanta em conhecer essa poesia tão reverenciada no maior prêmio literário do país para chamar mais leitores a mergulhar nesse desafio.

Compreender o contexto da obra, seu regionalismo e suas referências foram um dos principais eixos do papo. A obra convida o leitor a conhecer o interior do nosso país, ouvir as vozes que ecoam por esse nosso país afora. O resultado do encontro foi um grande impacto que a obra de Cida reverberou em cada percepção de leitura.

A obra se destaca por ser um grande poema, demarcado pela musicalidade, visualidade e movimentos que conduzem o leitor a uma sina pelos caminhos que o próprio texto percorre. Cida faz um importante resgate da memória, e com ela o leitor envereda na memória individual até a coletiva, segundo ela “a linguagem é memória. Cada pessoa tem a sua memória de leitura”. O poema traz as memórias da poetisa que ecoam como um manifesto, um ato político, em que aborda a questão do negro, do índio, “nossa miscigenação é um grande estupro coletivo”.

A autora, Cida Pedrosa

Maria Aparecida Pedrosa Bezerra, conhecida como Cida Pedrosa, é advogada, escritora e política brasileira, nasceu em Bodocó, Sertão do Araripe pernambucano, interior do Estado. Durante a premiação do Jabuti, onde de fato a conhecemos nacionalmente, a autora se autodeclarou mulher de esquerda e comunista. Uma militante que atua na política como vereadora em Recife. Já publicou sete livros de poemas, sendo Claranã (2015) e As filhas de Lilith (2009) selecionados pelo Prêmio Oceanos de Literatura.

Nas entrevistas que deu, logo após o prêmio, ela fala da sua dislexia, “eu sou um descuido de Deus”. Cida relata que sua mãe não compreendia os diversos interesses que ela tinha como música, literatura e política “essa menina é toda misturada”.

Sobre o livro ela relata que a obra é “uma viagem do mar para o sertão. O mar tem som e a caatinga também. O mar te assusta com o seu som majestoso, a caatinga te acolhe com o silêncio. O mar dos brancos. O além-mar dos negros.” Solo para Vialejo é um poema que aborda sobre identidades, territorialidade e a diáspora ao contrário. Dessa forma, a autora fala da importância da poesia em sua vida: “a poesia pode nos salvar e ela cura”.