20 de agosto de 2014

Entrevista com Sânzio de Azevedo

Semana passada, via e-mail, realizei uma pequena entrevista com o escritor Sânzio de Azevedo. O autor cearense é consagrado pelos seus títulos voltados aos estudos literários, em especial sobre a Padaria espiritual, agremiação cearense de maior repercussão nacional. Eis a nossa rápida conversa:

Léo P. Acredito que seu pai, Otacílio de Azevedo, que era poeta e pintor, tenha lhe influenciado na sua escolha pelo mundo das letras. Podemos afirmar isso?

Sânzio de A. Meu Pai, Otacílio de Azevedo, foi a grande influência, principalmente quando comecei a fazer poemas.

Léo P. O seu primeiro livro, A terra antes do homem, é de teor filosófico e científico. Depois dele você se dedicou mais a falar sobre literatura, como foi essa mudança de escrita?

Sânzio de A. Comecei com esses poemas, e artigos sobre literatura, mas como gostava de Paleontologia desde criança, em São Paulo fui convidado a escrever um livro de divulgação científica, publicado em 1962, quando eu tinha 24 anos de idade.

Léo P. No mundo acadêmico não se pode falar sobre a Padaria Espiritual sem citar o seu nome, já que você é o teórico que mais se debruçou sobre o assunto. Como você "descobriu" a Padaria Espiritual?

Sânzio de A. Na adolescência, ouvia falar do grêmio, mas tomei conhecimento dele mesmo quando meu saudoso amigo Faria Guilherme me presenteou com um exemplar d'A Padaria Espiritual do Leonardo Mota, de 1938. Depois, passei para as pesquisas em periódicos do século XIX, além dos livros de Mário Linhares, Dolor Barreira e outros.

Léo P. Em uma palestra na UVA, em Sobral, você disse que encontraram a "Ata com o registro das fornadas dos padeiros", tem alguma previsão desse material histórico sair impresso?

Sânzio de A. As Atas da Padaria Espiritual, que passei 40 anos procurando aqui e no Rio de Janeiro, estavam no Instituto do Ceará. Graças a Marinez Alves e ao então presidente da entidade, bibliófilo José Augusto Bezerra, pude ler as atas, com grande emoção. O José Augusto pensa em publicá-las este ano.

Léo P. Você também já publicou livro de poemas, você se considera um teórico ou um poeta?

Sânzio de A.Como poeta, tenho 4 livros publicados e figuro em mais de 10 antologias, mas a maioria de meus livros é de ensaio ou historiografia literária.

Léo P. Esse ano teve a publicação de um livro infantil, poderia falar um pouco sobre ele?

Sânzio de A. Hoje à noite (19 h), no Espaço O POVO de Cultura e Arte, será lançado O Curumim pintor e outras histórias, infantojuvenil, escrito há seis anos. Primeiro livro meu do gênero e talvez o último...

Léo P. Teremos mais livros seus publicados em breve? Alias, você tem algum livro no prelo?

Sânzio de A. No prelo mesmo não diria, mas terminei um livro que chamarei de Relembrando (Escritores que Conheci), falando de prosadores e poetas com quem convivi no Ceará, em São Paulo (onde morei mais de 6 anos) e no Rio de Janeiro (onde fiz o meu Doutorado pela UFRJ). Falo de 54 vultos das letras nacionais.