7 de novembro de 2013

Hoje é dia de Rachel

Às vezes, três mulheres precisam ser reunir para falar de outra. Não poderia ser diferente: a personalidade multifacetada de quem se fala motivou a reunião de três vozes díspares para – quem sabe assim – compreender sua vida e obra. Falamos (e falou-se) de Rachel de Queiroz, ponto luminoso de nossa literatura que serviu de mote para uma conversa entre as escritoras Ana Miranda e Socorro Acioli e a pesquisadora Cecília Cunha no Espaço O Povo de Cultura & Arte, na segunda edição do Encontro de ideias. O LiteraturaBr foi até lá conferir.X da questão

O encontro estava marcado às 19h. Havia promessa de café e boa conversa, iniciada por Ana. A autora de O peso da luz (seu título mais recente, publicado pelo Armazém da Cultura) conversou sobre pontos caros à esfera ficcional de Rachel: o pertencimento de sua obra ao torrão natal, a assinatura do nome – o “Raxel” que a todos causava estranhamento –, a intensa atividade na crônica, a confissão dúbia de quem se dizia “jornalista profissional, ficcionista amadora”, dentre outros.

WC feminino

Socorro remontou ao final da década de 1990, data em que se inicia a pesquisa para o ensaio biográfico que mais tarde publicaria sobre a autora pelas Edições Demócrito Rocha, revelando detalhes curiosos sobre entrevistas que realizara com Rachel (“muito esperta em conduzir a entrevista para onde queria”) e sua entrada para a Academia Brasileira de Letras. Rachel de Queiroz, inclusive, não inaugurou somente a participação das mulheres na pomposa instituição, como instalou uma questão necessária: a Academia precisava de um banheiro feminino.

Crônica e cruzeiro

O laboratório da crônica, suas artes e ofícios conduziu o bate-papo com Cecília, que já tem dedicado boa parte de seus estudos ao universo da escritura feminina, cuja pesquisa de doutorado investigou a produção de Rachel n’O Cruzeiro à década de 1950. Escritora do livro Além do amor e das flores: primeiras escritoras cearenses, Cecília encontrou em Rachel o fio que retomaria a investigação acerca da literatura feminina. Durante pesquisa no Arquivo Nirez, a professora encontrou textos inéditos – longe, portanto, das coletâneas e do grande público – e uma faceta ainda pouco iluminada de Rachel de Queiroz, a de “grande observadora da literatura brasileira, espécie de crítica literária”, pontua.

por Sávio Alencar