9 de dezembro de 2022

Leitura e Listas: o que nos diz a ansiedade?

Futuro do Presente das Listas de Livros

O(a) ansioso(a) é aquela pessoa que tem excesso de futuro no presente. Vive o dia a dia sempre com a mente no amanhã e muitas vezes esquece da filosofia magistral do “Carpe Diem” (tradução de Aproveite o dia!). Conviver com situações que fogem do controle de quem pensa estar vivendo o presente, mas mal sabe que o amanhã a Deus pertence.

Parece meio sem lógica, mas até a gramática portuguesa se adequa aos ansiosos com a conjugação do Futuro do Presente do Indicativo, em que o tempo verbal já conjuga hoje o que se virá, expressando ordens ou incertezas como “estarei aqui às oito e ponto, não se atrase!”, “comparei o livro”, “lerei o quanto antes!”. Expressam desejos, anseios que urgem, que não se pode esperar que tão logo ele seja realizado.

E o que não se pode esperar do tic-tac do reloginho interior, num transe psicótico com o invisível momento a posteriori? O ser ansioso se consome e consome o tempo de forma venal. Rende-se a medicamentos, a tratamentos e às alternativas paliativas para conter o seu relógio. E para piorar, o mundo moderno onde tudo é fast, uma sociedade imediatista, antecipar o amanhã é viver o presente, uma angústia constante para quem já não consegue separar o tempo de cada coisa. Uma luta contra o tempo, contra si, contra quem ou o quê?

Um dos obstáculos do leitor ansioso, é lidar com séries longas demais. Passou de 5 volumes já não rola! Além de ler vorazmente, não aguenta esperar pela próxima publicação. Então, muitas vezes o que faz é fugir de leituras desse tipo. A solução comumente encontrada é esperar sair todas as publicações da série e ler tudo um atrás do outro sem interrupção ou não fazer a coleção. Ou ir comprando à medida que sai e quando terminar a coleção, iniciar a leitura.

Viver cada momento precisa de respiro e não um suspiro sem fôlego. Desde que descobri um quadro de ansiedade em 2017, e passei a fazer uso de medicação para poder controlar as crises. Tenho percebido que uma das tarefas que me auxiliam a controlar um pouco o receio de situações inesperadas e/ou imprevistas que modificam minha rotina, é escrever as famigeradas listas de tudo que tenho que fazer, os check-lists como compras (não somente livros, mas utilidades domésticas da casa etc), questões burocráticas, afazeres do trabalho, e assim encontrei uma forma de organizar e ocupar a minha mente sem sofrer com o que ainda não aconteceu. Nisso, vou adiantando o que anseio e à medida que vou cumprindo meu check-list a satisfação de dever cumprido me faz sentir mais perto do presente e às vezes esquecer do amanhã. Foi assim que vi o quanto amo listas.

Mas são tantas coisas do dia a dia que anotadas me dão a dimensão do meu presente e assim paulatinamente vou vivendo de bem com o meu relógio mental. E as listas nunca acabam... porque o presente é infinito e é tão surpreendente quanto o amanhã. Por isso adoro listas, adoro enumerar o que estou lendo, o que vou ler, o que já li o que não li e assim por diante e sou a curiosa das listas alheias. Esse é o futuro das listas, infinitas e constantes. Se tem uma coisa que não me canso de fazer todos os dias são listas. E esse é o meu propósito, atualizar todos os dias as minhas listas. É inegável que não poderia faltar na minha prateleira o título “1001 livros para ler antes de morrer”, os “100 melhores contos brasileiros do século”, os “100 melhores poemas brasileiros do século” e assim por diante. Listas de indicações a prêmios, wishlist literária de fim de ano dos amigos secretos dos livros, os mais lidos da semana, do mês e do ano! Ahh, as listas, nunca acabam...

Mas, voltando a minha terapia literária ou de ansiedade, já não sei... mas fato é que as listas já me ajudaram a perceber o quanto eu fui capaz de realizar e cumprir cada dia vivido, e o que não foi possível executar tem que voltar para a lista para que se faça cumprir o meu dia sem esperar pelo amanhã.

O futuro das listas é este, ser renovável a cada novo dia, inacabável, uma descoberta de algo a se fazer toda vez que penso o que temos pra hoje? E convido os leitores do site a enveredar comigo nessa saga das listas literárias, afinal o LiteraturaBR não é a casa da mãe Joana, neh? Então vez em quando vou soltar umas listas por aqui, sigam-me os sertralinos...

O futuro das listas, o que temos pra hoje? A saga de uma leitora ansiosa...

Lista de hoje:

Quadrinhos mudos ou sem balões

Um pedaço de madeira e aço – Christophe Chabouté – Ed. Pipoca e Nanquim

Pequenos Heróis – Estevão Ribeiro (org.) – Ed. Jupati Books e Aquário Editorial

Sem Palavras – Douglas Franchin – Edição independente

 

 

 

 

 

 

GON – Masashi Tanaka – Ed. Conrad

Sshhhh! – Jason – Ed. Mino

Pétalas – Gustavo Borges - Ed. Jupati Books

 

 

 

 

 

 

 

Có & Birds – Gustavo Duarte – Quadrinhos na Cia

Almanaque Histórinhas em palavras da Turma da Monica – MSP – Panini Comics

Freddy and Jason have fun – Rafael Koff – Ed. independente

 

 

 

 

 

Cinema Panopticum - Thomas Ott - Ed. DarkSide Books

A Floresta - Thomas Ott - Ed. DarkSide Books