11 de fevereiro de 2022

Pagu em Paris

Escrevendo na fronteira entre ficção, relato pessoal e pesquisa histórica, Adriana Armony escreve um romance delicioso e genuinamente contemporâneo, para contar a história de Pagu (Patrícia Galvão), mais especialmente, sua pouco conhecida temporada na França, entre 1934 e 1935. À potência ficcional, se mescla a descoberta real de documentos e fotografias inéditas que ressignificam o exílio de Pagu em Paris, remontando o quebra-cabeças de suas faces de mulher-intelectual-ativista sempre cercadas de mitos e distorções.

Pagu no metrô traz pesquisas e fotos novas, descobertas importantes em hospitais e arquivos. Os documentos trazem verdades, momentos da realidade de Pagu e outras mulheres, perárias, militantes, mas é uma voz de mulher que conta suas histórias. Para falar delas, a autora precisa falar de si, ou não seria verdadeira. Confidências, pesquisa e ficção se misturam, conduzidas por uma primeira pessoa implacável que não é um mero recurso literário. É expressão de uma forma nova, cultivada em terreno feminista, com perspectivas críticas que partem de um olhar que se sabe diferente e inédito. Pagu no metrô não é biografia nem autobiografia, é testemunho de vida de duas mulheres a quem não faltou coragem”, escreve Beatriz Resende na quarta capa.

 

Trecho do livro:

Procuro por Patrícia Galvão, Patrícia de Andrade, nome de casada com Oswald de Andrade, depois por Léonnie Boucher. Nada. É só no dossiê de Benjamin Péret, escritor em cuja casa ficou hospedada graças à amizade com sua esposa Elsie Houston, que a encontro, nascida no ano errado (1911).

Em breve descobrirei que Patrícia tem várias datas de nascimento. 14 de junho de 1908, quando embarca para Buenos Aires em um navio inglês, para participar de um recital de poesia como embaixadora da Antropofagia, provavelmente com o objetivo de apresentar idade suficiente para a viagem. Sua certidão de nascimento registra a data de 14 de junho de 1910, mas teria nascido alguns dias antes, no dia 9. No dossiê de Péret, o dia é 9, mas o ano é 1911. Me pergunto por que razão queria parecer mais nova do que era. É a mesma data que encontro no seu dossiê, quando finalmente o encontro. Pagu teria então 23 anos.

Sobre a autora:

Adriana Armony é escritora, professora do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e doutora em Literatura Comparada pela UFRJ, com pós-doutorado na Sorbonne Nouvelle (Paris 3). Publicou os romances A fome de Nelson (Record, 2005); Judite no país do futuro (Record, 2008); Estranhos no aquário (Record, 2012), premiado com a bolsa de criação literária da Petrobras; e A feira (7Letras, 2017), finalista do Prêmio Rio de Literatura.

Ficha técnica

TítuloPagu no metrô
Autora: Adriana Armony
Projeto gráfico:  Bloco gráfico
Páginas: 144pp
ISBN: 978-65-86135-56-5
Dimensões: 16x23
Acabamento:
Preço: R$ 62,00
Data de livraria: 8 de março
Editora: Nós