21 de outubro de 2021

Para além do Leviatã, Mészáros sai pela Boitempo

Ao falecer, em 2017, o filósofo húngaro István Mészáros deixou inacabada a “obra de sua vida”: uma crítica radical do Estado. O ambicioso projeto, pensado inicialmente para uma publicação em três volumes, teve apenas o primeiro parcialmente concluído e sua primeira edição mundial sairá em português, pela Boitempo, conforme desejo expresso pelo autor em vida. Assim, neste Para além do Leviatã, organizado pelo sociólogo estadunidense John Bellamy Foster, Mészáros apresenta a sua teoria do Estado de inspiração marxiana, insistindo na necessidade do “fenecimento do Estado” como condição de sobrevivência da humanidade.

Para ele, os cataclismos ambientais e militares provocados pelos Estados-Leviatã atuais estão fadados a destruir o planeta, caso não seja desenvolvido um modo alternativo de reprodução sociometabólica. Por essa razão, a humanidade não tem escolha, a não ser buscar a crítica ao capital e ao seu Estado, de modo a avançar na prática revolucionária de ir além do Leviatã.

 

Conforme Mészáros já apontava em sua grande obra Para além do capital, é impossível ir “além do capital” sem ir igualmente “além do Estado”, já que essa forma de tomada de decisão global é parte estruturante do capitalismo. Portanto, Para além do Leviatã se constitui nesse desafio de desenvolver uma crítica completa do Estado, explorando toda a história de suas teorias, delineando sua origem, seu desenvolvimento e seu posterior falecimento final enquanto forma da necessidade social de uma estrutura global de comando.

Trecho

“O sistema do capital foi erigido sobre três pilares de sustentação: capital, trabalho e Estado. Os três não só estão profundamente interconectados em países particulares, mas também são totalmente inimagináveis em nosso tempo sem suas interconexões globais de amplo espectro. E isso requer a alternativa socialista como transformação global.”

Sobre o autor

István Mészáros (1930-2017) nasceu em Budapeste, na Hungria. Graduou-se em filosofia na Universidade de Budapeste, onde foi assistente de György Lukács no Instituto de Estética. Deixou o país após o levante de outubro de 1956 e exilou-se na Itália, onde trabalhou na Universidade de Turim. Posteriormente, ministrou aulas em diferentes universidades do mundo. É reconhecido internacionalmente como um dos principais intelectuais marxistas contemporâneos e recebeu, entre outras distinções, o Deutscher Memorial Prize, em 1970, por A teoria da alienação em Marx. Pela Boitempo, publicou Para além do capital (2002), O século XXI (2003), O poder da ideologia (2004), A educação para além do capital (2005), O desafio e o fardo do tempo histórico (2007), Filosofia, ideologia e ciência social (2008), A crise estrutural do capital (2009), Estrutura social e formas de consciência, v. I e II (2009 e 2011), Atualidade histórica da ofensiva socialista (2010), A obra de Sartre (2012), O conceito de dialética em Lukács (2013), A montanha que devemos conquistar (2015), A teoria da alienação em Marx (2016), A revolta dos intelectuais na Hungria (2018) e Para além do Leviatã (2021).