21 de outubro de 2021

Bazar do tempo lança Édouard Glissant

A editora Bazar do Tempo lança na Bienal de São Paulo livro de Édouard Glissant que inspirou um dos fios condutores do evento

Édouard Glissant (1928-2011) foi um pensador da diáspora que elaborou um impactante projeto filosófico e poético para refletir sobre os efeitos da colonização. Para isso, liberou-se das matrizes conceituais do Ocidente, abrindo espaço para que o sujeito afrodiaspórico se tornasse protagonista da análise de sua própria experiência estética e cultural.

Um dos seus mais importantes conceitos é o da Relação, um processo de contaminação de todas as diferenças reunidas sob as correntes da escravidão e do colonialismo. A Relação pressupõe conhecer o abismo dessa experiência, pois é a partir dela e da abertura da imaginação que se dá a partilha de mundos unidos pela própria separação.

O livro Poética da Relação é publicado pela primeira vez no Brasil, primeiro volume da coleção que trará ainda O discurso antilhano (com tradução de Thiago Florencio, sairá em novembro de 2021), A filosofia da Relação (2022), As entrevistas do Baton Rouge (2022), entre outras obras do autor.

A obra tem prefácio de Ana Kiffer e Edimilson de Almeida Pereira. Tradução de Marcela Vieira e Eduardo Jorge Oliveira.

 

Sobre Édouard Glissant

Édouard Glissant nasceu em 1928, em Sainte-Marie, na Martinica. Foi autor de uma extensa obra, entre ensaios filosóficos, romances, poesia e teatro. Na juventude, por influência de Aimé Césaire, se aproxima do surrealismo e participa ativamente do grupo literário e político Franc Jeu. Muda-se para Paris em 1946 e inicia os estudos de filosofia, na Sorbonne, e de etnografia, no Musée d’Homme. A partir dos anos 1950, engaja-se em movimentos pela descolonização ao lado de escritores como Frantz Fanon e René Depestre.

Seu primeiro livro de poemas, Un Champ d’Îles, é lançado em 1953. Três anos mais tarde publica o ensaio Soleil de la Conscience – Poétique I, inaugurando a série de livros de um projeto conceitual e poético marcado por uma rara originalidade, do qual fariam parte Poética da Relação, de 1990, Traité du Tout-Monde – Poétique IV, de 1997, e La Cohée du Lamentin – Poétique V, de 2005.

A Relação, um dos conceitos centrais de sua obra, também está presente em O discurso antilhano, de 1981, seu trabalho mais conhecido. Como ficcionista, lançou oito romances, entre eles Le Lézarde (1953), pelo qual recebeu o Prêmio Renaudot. Glissant teve uma significativa carreira universitária, lecionando nas universidades da Louisiana e de Nova York, e desenvolveu importantes atividades na Unesco.

Em 2010 publicou seu último livro de ensaios, Philosophie de la Relation. Morreu em Paris, em 2011. Édouard Glissant foi um pensador incansável, ousado, provocador e plenamente dedicado à tarefa de refletir sobre os efeitos da colonização e (re)imaginar o mundo.