21 de outubro de 2021

A casa do pai, de Karmele Jaio, autora basca, chega à Instante

A autora oferece em A casa do pai um romance profundo e bem construído, ambientado no País Basco, que convida a reflexões necessárias

 

A autora oferece em A casa do pai um romance profundo e bem construído, ambientado no País Basco, que convida a reflexões necessárias. Por meio de capítulos curtos e prosa fluida, alternam-se vozes narrativas focalizadas em três personagens: Ismael, escritor em plena crise criativa diante da produção de seu novo e aguardado romance; Jasone, a esposa, leitora crítica e revisora dos livros dele, que vive uma intensa e silenciosa revolução pessoal após as filhas se tornarem adultas; e Libe, irmã mais velha de Ismael, amiga de infância de Jasone e referência da vida inteira para ambos. O que os une, para além das memórias compartilhadas da juventude, é o desejo de desconstruir padrões de gênero, de investigar a matéria sobre a qual essas construções se erigem, de resgatar na casa paterna, na figura rude e agora fragilizada do pai envelhecido, o ponto de mutação que os levou a traumas, bloqueios e desencontros. Sobretudo para Ismael, esse exame do passado e das minúcias do comportamento de seu pai será decisivo para seu processo de escrita.

Jaio consegue abordar temas delicados, como masculinidade tóxica, mesclando tensão e ironia, sem maniqueísmos ou simplificações, e revelar como a dinâmica da opressão de gênero não depende apenas de agressões físicas para se impor, mas se infiltra com sutileza em todas as relações. Nas palavras da autora:

“Em A casa do pai tentei mostrar o sótão das personagens, seus sonhos escondidos e, sobretudo, suas palavras não ditas. Essas palavras-chave, que só aparecem quando baixa a maré, quando as pedras escondidas sob a água se tornam visíveis”.

Em 2020, A casa do pai recebeu o Prêmio Euskadi de Literatura, o maior da literatura basca.

Sobre a autora

Karmele Jaio Eiguren (Vitoria-Gasteiz, 1970) é autora de três livros de contos, três romances e um volume de poesia. Amaren eskuak [As mãos de minha mãe], seu primeiro romance de 2006, ganhou inúmeros prêmios, tornou-se um dos livros mais lidos da literatura basca e, em 2018, foi adaptado para o cinema e apresentado no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián; a tradução para o inglês recebeu o English Pen Award. As histórias de Karmele também foram levadas ao teatro e selecionadas para, entre outras, as antologias Best European Fiction 2017 (Dalkey Archive Press) e The Penguin Book of Spanish Short Stories (Penguin Classics).

 

O livro está à venda aqui