13 de janeiro de 2015

Os clássicos, pois não

Para nascer as frutas, para cair as flores, para precipitar as chuvas, existe uma estação específica. Quando se é um garoto de 14 anos não se entende muito bem essa arte da espera, por isso quando estava me descobrindo um leitor voraz, que engolia Júlio Verne e Isaac Assimov, não entendia porque não conseguia dar cabo de apreciar alguns livros tão comentados, os tais clássicos. Até conseguia ler um ou outro, como a vez que fiquei uma semana profundamente chocado após ler A metamorfose, do Kafka.

Depois de um tempo, percebi que os livros, como os amores, acabam nos encontrando, mas também percebo que para descobrir grandes amores e grandes livros é preciso ir ao encontro deles, assim quando o Nathan Matos, editor desse Portal, anunciou em seu Facebook um ano de 2015 com a leitura de alguns clássicos, resolvi entrar na dança. Nasceu, então, o desafio 12 clássicos, 3 editores e 12 meses. Logo, o nosso amigo e grande leitor Madjer de Souza Pontes, ao saber do que íamos fazer, também resolveu topar esse desafio.

Daí, para a construção das listas não demorou para surgir a dúvida, mas o que é um clássico? Essa palavra empregada para denominar um determinado período da história, depois utilizada para tudo e qualquer obra que carregasse em si o peso de uma grande realização, esbarra em muitos outros conceitos, entre eles local e universal. Desse modo, posso dizer que Aldeota, livro de Jáder de Carvalho é um clássico da literatura Cearense, do mesmo modo posso afirmar que Morro do Ouro é um clássico da Dramaturgia Cearense, mas posso dizer com convicção que essas obras são clássicos no sentindo universal da palavra?

Polêmicas à parte, evoco a definição de Ítalo Calvino para o tema, “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”. Então, observando as listas dos meus amigos editores, posso afirmar, esses livros escolhidos têm em comum a ideia de Calvino, são livros que já conversaram com muitos homens e mulheres e a esses têm dito maravilhas, sejam a homens e mulheres de apenas uma cidade, um continente ou do mundo inteiro, parece que a definição de clássico é difícil de ser apreendida, mas parece também que nós, leitores, sabemos intuir um quando encontramos um.

Por isso, convidamos nossos leitores a construir suas listas, escolher seus clássicos e iniciar suas leituras. Abaixo compartilho, novamente, a minha lista; durante o ano também compartilharemos as passagens marcantes, nossas notas de leituras e tudo que surgir dos encontros com esses livros.

Aqui segue a minha:

1. Os Irmãos Karamazovi – Dostoiévski
2.O Morro dos Ventos Uivantes – Émile Brontë
3. Werther – Goethe
4. Memórias Póstumas de Braz Cubas – Machado de Assis
5. A Montanha Mágica – Tomas Mann
6. O Processo – Kafka
7. A Divina Comédia – Dante
8. O Príncipe – Maquiavel
9.Moby Dick – Melville
10.Os Miseráveis – Victor Hugo
11.Esperando Godot – Beckett
12.Os Mandarins – Simone de Beauvoir

Boa Leitura.