4 de julho de 2014

Paraíso

Se realmente existir - e acredito nisto - deve ser um lugar onde as flores exalam teu cheiro e as camas são feitas com teus abraços. Decerto lá não haverá dor, não haverá apertos repentinos no peito nem noites mal dormidas com lágrimas no travesseiro; deve ser um lugar onde os pássaros cantam afinadas valsas para que a natureza dance, e cantarão um dia para nós, habitantes únicos do paraíso que idealizei para nossa morada. Quando lá chegarmos, no nosso paraíso, terá uma admirável fartura de frutas doces e saborosos vinhos; teremos paz do deitar ao levantar, e dançaremos por entre as árvores carregadas de frutos proibidos. Permita-me, meu bem, derrubar-te, carinhosamente, na grama macia dos nossos jardins, para te fazer cócegas e te beijar a boca, sem a preocupação de sermos observados e, totalmente despidos, banharmo-nos nos rios de águas claras e puras, como cada palavra que sai da boca tua. Apenas peço-te, meu anjo, que não me ofereças o fruto da árvore que nos proibiram de comer, pois males terríveis aconteceram em outros paraísos que tentaram tal feito. Espera mais um pouco, e teremos então nossos saborosos frutos, os quais plantaremos com nossas próprias mãos e colheremos para saciar nossa mais terrível fome. Então espera, por mais difícil que seja a espera neste terreno que agora estamos, que cada dia mais se parece com um pedaço do inferno, espera.

       

Por Júlia Sá.