30 de agosto de 2017

A poesia de Adri Aleixo

Adri Aleixo é Poeta e Professora mineira que vive na linda Belo Horizonte. Participa das antologias Escriptonita, 30 anos do Psiu Poético e Sobre Lagartas e Borboletas. Possui textos publicados em sites e revistas de todo país como Suplemento Literário de Minas Gerais,  Caderno Pensar do Jornal Estado de Minas, Germina, Mallarmargens, Zona da Palavra, O Relevo, Verso Aberto, Blocos on line entre outros. Publicou dois livros de poesia pela editora Patuá: Des.caminhos(2014) e Pés(2016).

 

Fotograma
É um rito
um silêncio
um grito
e não há mais vento.
Há um alicerce de palavras me perdendo.

 

*

 

M&M’s
Os filhos já não choram
nem pedem
olhos de chumbo e sílica
Passaram-se noites de argila
em que sonharam a casa moldada
o branco dos quartos
Na cozinha há um baleiro açucarado.
Eu temia esse tempo:
das flores de plástico
das balas de enfeite.

 

*

 

Chove
Eu não saberia da chuva
não fossem os sapatos novos
encharcados
sob a marquise tentamos cerzir distâncias
corpos excluídos que nada sentem
nada temem
assistimos enlatados à expulsão dos ratos
ao correr dos moços e suas carrocinhas
então voa um corpo, e volta
voa outro, e volta
e outro
e outro
nenhuma estrela, a civilização: este desenho
estes olhos.
esse espaço decantado
esse abrigo de pés
essa enxurrada
essa consternação.

 

*

 

Os ratos
Os ratos comemoram
minha dor amanhecida
dançam sobre um prato
que até hoje eu só vi
no quintal dos pobres.
“não batam pratos, mamãe dizia.
são de esmalte
sai a tinta e o que fica é cobre.”
agora tudo dorme
mas os ratos cantam.