24 de agosto de 2016

A poesia de Nayara Fernandes

Nayara Fernandes, Teresina/PI. É autora do poema “assas de pedra”, publicado no livro coletânea “Quebras – uma viagem literária pelo Brasil”. Tem poemas publicados nas revistas Germina, Mallarmargens, Escritoras Suicidas e The São Paulo Times.
sonho rarefeito
pecado é a
ilusão do perfeito
líquido sonho
rarefeito
insólito sono
breve.

 

paz tempestuosa
era tão tranquilo
que de tranquilo
não tinha nada

vivia
em paz dentro
da tempestade
paz não tinha
mas não serenava
nenhuma lágrima

vivia
o úmido das dores
como aprendizado.

 

o peso do mundo
a dor de sentir dor
mais que dores próprias
em outros corpos
afloram mundos afora

arrepia o peito
revolve os poros
desmorona o estômago

quanto não mais arde
oxida as artérias do peito
quanto não mais sangra
interrompe o pulso da veia

a dor de sentir dor
mais que dores minhas
enxergo pela derme
sinto pelas pálpebras

a dor de sentir dor
mais que dores próprias
é um erro em desacerto
é ter sono no lugar dos olhos
é ter fogo que queima em silêncio
é ter uma alma sob um corpo
enroupando todo o peso do mundo.

 

ávidas asas
(tem a vida)
vida
ávida
leva os dias

tempo voa
(veloz-voraz-denso)
esquecendo de ser sereno –
leve intento do vento

leveza vai
e não mais volta,
brisa a leva para além do horizonte

pelo sol ilumina-se
na maciez das nuvens adormece
repousada de si –
ali eterniza-se

vida ávida voa.