15 de abril de 2016

Quando inventei de escrever poemas

Quando contamos nossa história de vida vamos editando os acontecimentos, é como num cinema, você observa os quadros do filme, corta os desnecessários, os constrangedores, depois vai colando as pontas; cria-se uma narrativa de si compartilhável, agradável às imaginações dos outros.

Por receber muitos convites para falar em eventos, ou em salas de aula, sobre a poesia, parto sempre dessa história, fica mais empático, os conceitos abstratos não são tão interessantes, a história cria vínculos e entre os acontecimentos você vai pincelando os conceitos,  tornando a fala mais interessante.

Devido a essa atividade constante de me contar, tento ir rememorando os fatos, perceber o que estou editando, faço constantemente a pergunta que mais me fazem, quando você começou a escrever poemas? Respondia que foi a partir do blog. A verdade é que minha memória não é muito lá essas coisas, por isso escolho acontecimentos pontuais para tecer uma narrativa.

Um dia recebi um poema de uma amiga da sétima série, a minha letra sempre esquisita, um poema de quando tinha uns 13 anos. Isso mudou tudo, o modo que descrevia minha história. Desde então não quero mais saber o quanto passo a escrever os pomas, é  por que eu os escrevo? Essa necessidade da palavra para transbordar os sentidos internos, ou a simples divertida brincadeira da linguagem.

Não sei se um poeta se sabe. Um poeta é um mistério, do mesmo modo que o mar é um mistério, as lagoas, as cachoeiras, e os coqueiros que nascem no meio do deserto onde toda água é ausente. Até quando um poeta é um explosão destruidora, é uma destruição misteriosa. Um poeta já nasce roubado pelas palavras.

Dessas palavras colecionadas nesse pequeno percurso de vida, já escrevi dois livros, com capas tão bonitas da Jéssica Gabrielle, editados pelo meus amigos e sócios da  Editora Substânsia. Nesse dois, Três Golpes D´água ( dá pra baixar gratuito aqui) e o recente MarORIGINAL, talvez eu posso entender qual história é minha história, e ao contrário de prosistas famosas como a Clarice, eu os releio sempre, para quem sabe, tentar desvendar quem eu sou.