13 de abril de 2015

Se a Cidade fosse nossa

A Cidade sendo nossa, os poetas a escreveriam, os compositores a comporiam, os músicos a cantariam e os dançarinos a bailariam, novas letras em cada muro, nas ruas de dentro, história passadapresentefutura na linha de rosto do povo que nela morasse, outros postes, praças nas notas sustenidas, sons mais distintos, dos vendedores ambulantes que mesmo ao meio de imensos shoppings não somem, movimentos outros, para além do movimento dos carros e sinais de trânsitos, um silêncio só possível de ser capturado na ponta do sorriso de um palhaço de rua.

Isso, evidente, se a cidade fosse nossa. Se a cidade fosse nossa, os moradores não seriam eleitores, seriam pessoas que sentam nos bancos das praças para namorar, levando os cachorrinhos a passear, mulheres que vendem churros a um preço justo.

Teria menos lixo, o homem do lixo seria o homem do livro, a jornada de trabalho bem menor, vocês, enfim, dormiriam mais do que 4 horas por dia. Haveria gente no teatro, gente no cinema, gente no meio da rua, gente nas bibliotecas, lógico, não sendo isso utopia, ainda existiria o tráfico de drogas, e invariavelmente alguém seria assaltado numa rua escura, mas a cidade seria nossa, o que nos daria direito às árvores mesmo continuando a existir homens de farda muito tristes chamados policiais.

Outro fato interessante é que existiriam bairros, além daquele onde mora o prefeito, e as pessoas além de morar poderiam vivê-los. Não seria necessário encher de tapume algumas ruas quando os chefes de Estado nos visitassem e eventos internacionais acontecessem, pois as casas das favelas também seriam a cidade do mesmo modo que são os prédios e os condomínios de luxo.

Ah! Se a cidade fosse nossa, ela seria bem maior do que essa cidade de tinta impressa nos guias turísticos.